XII

Sinto-me perdida nesse imenso labirinto de buscas insáciaveis por algo que eu nem sei o que é.
Estou vazia. Vazia de tudo. Vazia de mim.
Temo a solidão, a solidão na qual mesmo com pessoas importantíssimas a sua volta, você se perde de uma só. A mais essencial de todas, a única que você nunca poderia perder, você mesma.
Tenho medo de me perder e nunca mais me encontrar.
Já morri tantas vezes, de angústia, de dor, de medo. De tudo. Morri e continuo viva.
Morro, morro e ainda tentam me matar.
Estou cheíssima dessa gentinha medíocre que na inocência de acharem que não estão sendo inocentes, tentam me derrubar, para provar a mim (ou à elas) que são boas o suficiente, eu estou aqui no meu canto, sem ter a necessidade de me mover para que me achem corajosa-gostosa-e-tudo-mais o bastante.
É que as vezes, o mais importante, querido, não é gritar ao mundo o quão esperto e bom você é, mas sim o silêncio.
Enquanto as pessoas estão nessa enorme batalha pra ver quem é o melhor, você está observando pontos fracos, e o melhor, não quebra a cara.
Poupa tempo e trabalho, e depois, você pode ir direto ao ponto, se necessário.

Fragmentos de Dor

Insistir no que já está acabado é o mesmo que dar murros em ponta de facas.
E mesmo sangrando, continuo esmurrando as pontas das facas mais afiadas.
Não dói mais.
A dor atingiu seu limite.
Por que o querer do meu lado?
Se eu já o tenho dentro de mim?
Não sei, não sei...

Bad Reputation?

Reputação é algo tão insignificante.
Patéticos não são aqueles que cometem insanidades, e sim aqueles que não a comentem por medo da opinião alheia.
Faça o que quiser fazer.
Porque a opinião dos outros, é só a opinião dos outros.
Ninguém se acha sem se perder.
Ninguém é feliz seguindo regras.

Só mais um pouco...

Meu corpo ainda está em movimento, meu coração ainda pulsa, e meu sangue ainda corre pelas minhas veias.
Mas estou morta há muito.
Nada mais me surpreende, nada mais me afeta.
Nada mais.
Anestesiada, paralisada. Como se nada mais acontecesse ao meu redor.
Como se nada mais acontecesse comigo mesma.
Sinto como se estivesse por fora do movimento do mundo.
Sou apenas uma telespectadora assistindo a tragédia da vida.
Sou um defunto ambulante.
Não, não sou.
Sou nada.

Máscaras

Máscaras.
É só o que vejo.
E todas elas estão caindo, aos poucos, bem lentamente, como se plumas ao vento... Mas caem.
Sorrisos estampados na pálida pele de desgosto, como tentativa fracassada de tentar preencher o enorme vazio que os consomem por dentro.
Incapazes de expressar um único sentimento verdadeiro, de falar miseras palavras sinceras.
Se escondem atrás de roupas chiquérrimas, de maquiagens pesadérrimas, de elogios falsos, de amizades superficiais para tentar ser uma pessoa que nunca foram, e que nunca vão ser.
Exaltam o luxo, o poder, o glamour, o status e esquecem que coisas vazias como essas nunca irão mover o mundo.
Aparentemente são os mais simpáticos possíveis, humildes, firmes no que dizem.
Pelas nossas costas são extremamente desprezíveis. Calculistas, mercenários, patéticos.
Eu os odeio.
Odeio quem tenta ser o que não é.
Odeio quem se esconde para não tem que aturar a realidade, a infeliz realidade.
São mais que covardes. São menos que nada.
Ideologias vendidas por um preço tão baixo e insignificante.
Massificados pela mídia.
Mecanizados pela mídia.
Ridicularizados pela mídia.
Sim, pela mídia, a maior produtora mundial de padrões de beleza, personalidade e o diabo a quatro.
Eu cuspo no seu ibope.
E cuspo na cara de cada mesquinho sem atitude que se deixa levar por você.
Aquele mesmo mesquinho de antes que se esconde atrás de roupas, maquiagens e o que for.
Aquele que não é aquele.
Que não tem vontade de ser aquele.
Que não tem capacidade suficiente pra ser aquele.
Usam tantas máscaras de conveniências, que perderam sua verdadeira identidade e nem sabem mais quem são.

"Seja você, mesmo que que seja estranho,
Seja você, mesmo que seja bizarro"

Lembranças

Hoje me lembrei dele, não sei o porque. Mas lembrei.
Já se passaram tanto tempo... Não sei como ele ainda não saiu da minha memória.
Aquele perfume que parecia grudar em meu nariz, o seu jeito de fumar (sempre a companhia de uma xícara de café que ele mesmo fazia), o seu olhar que despertava um leviano mistério, enfim. O seu jeito tão patético de ser.
Lembrei-me dele, mas não consegui me lembrar de sua fisionomia.
Não era dos mais feios, tampouco belo.
Mas era meu.
Mesmo que só em minha mente.
Eu sei que o possuía, de alguma maneira eu podia sentir isso.
E sei que ele também sentia.
Ele não foi, nem nunca vai ser o grande amor de minha vida.
Não seria de meu gosto, muito menos do dele.
Mas eu o quis, e talvez ainda o queira.
Poderia ao menos vê-lo. E levar alguma almofadada como de costume. HAHAHA.
Mas em tais circunstâncias seria impossível.
Ele escolheu como traçar seu futuro, e eu, não estava presente em tais planos.
Mas amor, se algum dia quiser voltar, certamente será bem-vindo.
Só não esqueça de trazer uma cafeteira. Porque eu (desastrada como sempre, é claro) quebrei a que tinha aqui.

E feche a porta, apague a luz, e não esqueça de colocar seu CD favorito, que ainda não saiu do lugar que você deixou.

Boneca Adestrada

Ah como eu queria ser magra, alta, bonita.
Ter olhos claros e corpo de dançarina. Pele macia, lábios carnudos, cabelos longos, brilhantes e lisos.
Ah Deus, queria tanto o carro do ano, um anel de brilhantes, roupas de marcas caríssimas.
Morar numa mansão, viajar pra Europa, ter uma casa em madri, e dilacerar qualquer coração.
Como eu queria ser nada. Nada além de corpo.
Ser irracional, qualquer coisa banal.
Minha meta é 40 kgs, só sussego quando minha costela aparecer, ou se não, quando eu morrer.
Vou me matar na academia todos os dias pra perder a barriga.
Eu quero ficar desnutrida.
Vou usar as calças mais apertadas, os decotes mais iusados, as saias mais curtas. Porque boys, eu quero que vocês olhem só pra minha bunda.
Não interessa se vocês só querem me fuder. Eu quero ser a mais gostosa e vou ser.
Sou filha da mídia, sigo os padrões estipulados por ela, compro seus produtos, assisto as novelas, até penso que faço parte delas.
Afinal, eu sou de me vender.
Não custo caro não, a multinacional mais famosa que existe, é a mais barata também.
Eu vendo minhas ideologias por um preço baíxisso. Meus sonhos, minha vida, vendo tudo o que tenho.
Sou uma boneca adestrada.
Não sou nada além de nada.

Postagens mais recentes Página inicial