Boneca Adestrada

Ah como eu queria ser magra, alta, bonita.
Ter olhos claros e corpo de dançarina. Pele macia, lábios carnudos, cabelos longos, brilhantes e lisos.
Ah Deus, queria tanto o carro do ano, um anel de brilhantes, roupas de marcas caríssimas.
Morar numa mansão, viajar pra Europa, ter uma casa em madri, e dilacerar qualquer coração.
Como eu queria ser nada. Nada além de corpo.
Ser irracional, qualquer coisa banal.
Minha meta é 40 kgs, só sussego quando minha costela aparecer, ou se não, quando eu morrer.
Vou me matar na academia todos os dias pra perder a barriga.
Eu quero ficar desnutrida.
Vou usar as calças mais apertadas, os decotes mais iusados, as saias mais curtas. Porque boys, eu quero que vocês olhem só pra minha bunda.
Não interessa se vocês só querem me fuder. Eu quero ser a mais gostosa e vou ser.
Sou filha da mídia, sigo os padrões estipulados por ela, compro seus produtos, assisto as novelas, até penso que faço parte delas.
Afinal, eu sou de me vender.
Não custo caro não, a multinacional mais famosa que existe, é a mais barata também.
Eu vendo minhas ideologias por um preço baíxisso. Meus sonhos, minha vida, vendo tudo o que tenho.
Sou uma boneca adestrada.
Não sou nada além de nada.

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