Hoje me lembrei dele, não sei o porque. Mas lembrei.
Já se passaram tanto tempo... Não sei como ele ainda não saiu da minha memória.
Aquele perfume que parecia grudar em meu nariz, o seu jeito de fumar (sempre a companhia de uma xícara de café que ele mesmo fazia), o seu olhar que despertava um leviano mistério, enfim. O seu jeito tão patético de ser.
Lembrei-me dele, mas não consegui me lembrar de sua fisionomia.
Não era dos mais feios, tampouco belo.
Mas era meu.
Mesmo que só em minha mente.
Eu sei que o possuía, de alguma maneira eu podia sentir isso.
E sei que ele também sentia.
Ele não foi, nem nunca vai ser o grande amor de minha vida.
Não seria de meu gosto, muito menos do dele.
Mas eu o quis, e talvez ainda o queira.
Poderia ao menos vê-lo. E levar alguma almofadada como de costume. HAHAHA.
Mas em tais circunstâncias seria impossível.
Ele escolheu como traçar seu futuro, e eu, não estava presente em tais planos.
Mas amor, se algum dia quiser voltar, certamente será bem-vindo.
Só não esqueça de trazer uma cafeteira. Porque eu (desastrada como sempre, é claro) quebrei a que tinha aqui.
E feche a porta, apague a luz, e não esqueça de colocar seu CD favorito, que ainda não saiu do lugar que você deixou.
Ter olhos claros e corpo de dançarina. Pele macia, lábios carnudos, cabelos longos, brilhantes e lisos.
Ah Deus, queria tanto o carro do ano, um anel de brilhantes, roupas de marcas caríssimas.
Morar numa mansão, viajar pra Europa, ter uma casa em madri, e dilacerar qualquer coração.
Como eu queria ser nada. Nada além de corpo.
Ser irracional, qualquer coisa banal.
Minha meta é 40 kgs, só sussego quando minha costela aparecer, ou se não, quando eu morrer.
Vou me matar na academia todos os dias pra perder a barriga.
Eu quero ficar desnutrida.
Vou usar as calças mais apertadas, os decotes mais iusados, as saias mais curtas. Porque boys, eu quero que vocês olhem só pra minha bunda.
Não interessa se vocês só querem me fuder. Eu quero ser a mais gostosa e vou ser.
Sou filha da mídia, sigo os padrões estipulados por ela, compro seus produtos, assisto as novelas, até penso que faço parte delas.
Afinal, eu sou de me vender.
Não custo caro não, a multinacional mais famosa que existe, é a mais barata também.
Eu vendo minhas ideologias por um preço baíxisso. Meus sonhos, minha vida, vendo tudo o que tenho.
Sou uma boneca adestrada.
Não sou nada além de nada.
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