Meu Veneno, Meu vício

Os cortes eram profundos e não havia nada que os fizesse parar de sangrar. Nem as tantas doses de vodka pura misturadas com inúmeros cigarros. E nem as drogas mais fortes que por pura inocência, caí na tentação de querer cair no chão. Caí e não tive ninguém que pudesse me levantar, estavam todos caídos também, e eu não era tão importante, só era mais uma merda de junkie perdida na mesma merda de pensamento profano.
Já era tarde de mais, e eu já estava me acostumando com a rotina de curar as feridas, estava me acostumando tanto que por vezes as deixava expostas mesmo, esquecia dos curativos, esquecia de tudo. Logo elas não fariam mais diferença.
Mas fizeram. E passou muito tempo mas elas não paravam de doer.
As tardes mesmo com sol eram cinzentas e frias, a noite era terrivelmente mais escura do que normalmente é, e a manhã... Ah, as manhãs nem existiam.
Foi quando pensei que tudo estava acabado eu me deparei com aquela droga -a melhor de todas.
Ela anestesiava minhas dores e ao mesmo tempo me alucinava, me relaxava e eu podia experimentar todas as sensações boas.
Mas o que mais me fascinava, o que realmente me enfeitiçava era a sensação de ecstasy profundo, não sei, posso traduzir por felicidade.
No começo eu não precisava dela, só uma vez por semana bastava, depois eu fui aumentando a dose de pouco em pouco, e por fim, eu precisava tomá-la todos os dias.
Essa droga era você.
E aos poucos você foi se tornando meu vício, minha psicodelia, e eu saio dessa dimensão toda vez que olho nos seus olhos.
E tudo era tão bom e prazeroso que nada era mais importante que seus braços nos meus.
Só que você tá me matando aos poucos, meu amor, tá me destruindo por dentro, tá arrebentando minhas veias e acabando com meus neurônios. Logo logo tenho uma parada cardíaca.
Mesmo assim não tenho coragem suficiente pra largar meu vício, pois *o mal que me sustenta me destrói. E você é o melhor mal que eu já conheci.
Mas eu não preciso de você, eu só preciso de mim, então vá embora antes que eu perca a coragem de dizer adeus, vá logo que minhas feridas já cicatrizaram, e você não vai abri-las de novo, meu bem.
Talvez eu deva seguir sem você.

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