Completa

Eu me aventuro sempre - adoro o risco e amo o prazer.
Sempre fiz duas vezes antes de pensar, nunca deixei de fazer nada que quis por medo ou qualquer coisa banal que seja. É claro que me arrependo muitas vezes, mas nunca passei vontade e antes o arrependimento de ter feito do que de não ter feito.
Dentro de mim existem mulheres fortes, meninas fragéis, princesas, bruxas, prostitutas, santas, junkies, pagus. Todas com a mesma essência, a minha essência.
Quero descobrir todas "eus" que moram dentro de mim, cada tudo e cada nada que sou.
Pois posso morrer com a sede de saber quem sou, mas vou saber exatamente o que (ou quem) NÃO sou.
Eu quero sentir desde a dor mais forte até o prazer mais intenso, quero sentir o veneno de cada um e quero mostrar o gosto doce do meu veneno também.
Quero o paraíso, quero o inferno, quero o proíbido.
Quero desejar e ser desejada, pois o prazer carnal só é sujo para os olhos que são impuros, contaminados com conceitos culturais e tradicionais.
Quero o ódio, quero o amor, quero sentir.
Sim. Quero sentir.
E sinto.
Entro em todos os palcos e platéias, todos os lugares reais e imaginários, vou a onde o vento e a vontade me levam.
Inconsequente? Doente? Indecisa? Podre?
Não. Sinceramente não: sou realizada.
Totalmente completa.
Me desculpem os vazios, mas esta é a verdade.
O único medo que sinto é de sentir medo.
O resto eu encaro com gosto - e salto agulha.
Afinal, estou aqui pra isso: me aventurar.
E não paro nem desisto nunca, esse é nosso diferencial.
Enquanto eu me levanto da queda, vejo todos vocês caídos no chão.
Abaixo de mim.

Sublime

É como se eu fosse explodir.
Explodir de alguma coisa abstrata qualquer como o medo, o desejo, a paixão.
Parece que meu corpo é muito pequeno pra guardar tantas coisas pesadas como essas.
Passei do meu limite, mas vou ser forte o suficiente pra aguentar tudo até o fim, eu não desisto tão fácil assim.
Antes tivesse por dentro uma coisa seca, suja, vazia e fria.
Antes não sentisse nada, nem medo, nem dor, nem paixão, nem desejo.
Mas vivo, não apenas existo.
Impossível como escapar de um tiro quando a bala está a 1 centímetro de rasgar seu peito de uma só vez.
Mas por vezes me sinto tão fraca, tão insegura.
Não, não, não! Eu não posso de jeito nenhum me sentir assim.
Prefiria mil vezes que você me dizesse que não dá, que tem algo incompleto, ou qualquer babaquisse dessas que dizem quando não querem mais saber do outro, à ficar nessa duvida de: "eu gosto de você mas não sei o quê está rolando".
Que me dêem um tapa na cara, mas não fiquem me beslicando de pouco em pouco.
Olha boy, entra na minha vida de uma vez, ou sai logo, o mais depressa possível.
Porque eu sou muito pra me contentar com pouco, com mesquinharias.
Sou amante incondicional da intensidade, então se é pra ter dor, que me corroa, se é pra ter medo, que me apavore, se é pra me apaixonar, que eu enlouqueça.
Mas nunca me deixe na eterna e despresível dúvida, isso eu nunca suportaria.
Sabe aquela antiga história de "é 8 ou 80"?
Então, se encaixa perfeitamente em mim, meio-termo não existe em meu vocabulário, portanto honey, me ganha o mais depressa possível.
Se não vai me perder mais rápido ainda.

Meu Veneno, Meu vício

Os cortes eram profundos e não havia nada que os fizesse parar de sangrar. Nem as tantas doses de vodka pura misturadas com inúmeros cigarros. E nem as drogas mais fortes que por pura inocência, caí na tentação de querer cair no chão. Caí e não tive ninguém que pudesse me levantar, estavam todos caídos também, e eu não era tão importante, só era mais uma merda de junkie perdida na mesma merda de pensamento profano.
Já era tarde de mais, e eu já estava me acostumando com a rotina de curar as feridas, estava me acostumando tanto que por vezes as deixava expostas mesmo, esquecia dos curativos, esquecia de tudo. Logo elas não fariam mais diferença.
Mas fizeram. E passou muito tempo mas elas não paravam de doer.
As tardes mesmo com sol eram cinzentas e frias, a noite era terrivelmente mais escura do que normalmente é, e a manhã... Ah, as manhãs nem existiam.
Foi quando pensei que tudo estava acabado eu me deparei com aquela droga -a melhor de todas.
Ela anestesiava minhas dores e ao mesmo tempo me alucinava, me relaxava e eu podia experimentar todas as sensações boas.
Mas o que mais me fascinava, o que realmente me enfeitiçava era a sensação de ecstasy profundo, não sei, posso traduzir por felicidade.
No começo eu não precisava dela, só uma vez por semana bastava, depois eu fui aumentando a dose de pouco em pouco, e por fim, eu precisava tomá-la todos os dias.
Essa droga era você.
E aos poucos você foi se tornando meu vício, minha psicodelia, e eu saio dessa dimensão toda vez que olho nos seus olhos.
E tudo era tão bom e prazeroso que nada era mais importante que seus braços nos meus.
Só que você tá me matando aos poucos, meu amor, tá me destruindo por dentro, tá arrebentando minhas veias e acabando com meus neurônios. Logo logo tenho uma parada cardíaca.
Mesmo assim não tenho coragem suficiente pra largar meu vício, pois *o mal que me sustenta me destrói. E você é o melhor mal que eu já conheci.
Mas eu não preciso de você, eu só preciso de mim, então vá embora antes que eu perca a coragem de dizer adeus, vá logo que minhas feridas já cicatrizaram, e você não vai abri-las de novo, meu bem.
Talvez eu deva seguir sem você.

Boneca de Porcelana Quebrada

Difícil é existir qualquer tipo de ser vivo que me ame mais do que ela, e eu posso ver isso nos seus olhos que brilham tanto quando olham pra minha cara toda manchada, toda fodida, e não existem olhos que brilham mais do que os dela.
Ela paralisa completamente minhas pernas quando percebo que foi a única que nunca me abandonou nos momentos de melancolia pura, de medo, angústia, escuridão sem fim.
Não, ela nunca me abandonou.

Foi ela quem me deu um tapa na cara quando eu não queria ver que eu estava errando, que estava tudo errado.
E foi ela quem puxou minhas mãos quando pensei que estava caíndo em um abismo.

Todos vocês podem desistir de mim, todos vocês podem cuspir na minha cara, pois eu tenho ela, então eu tenho tudo.
Que me tirem casa, família, amigos, amores, que me tirem a roupa do corpo: Ela estará ao meu lado e então juntas poderemos reconquistar tudo. Sem quebrar o salto.
Jamais desistirei dela, porque eu também a amo mais que tudo, a minha bela fada de asas quebradas no meu conto de bruxas, minha boneca de porcelana quebrada, minha vida.
Ela é tudo o que tenho, ela é só o que tenho.
Ela sou eu.

A Mesma Essência

Eu sei que ele não teria coragem.
Embora o medo falasse mais alto que a minha certeza.
Não medo, eu diria neurose.
Cada vez que fecho os olhos, vejo a cena se formando em minha mente e me choco.
Me dá tanta raiva... Tristeza, ânsia.
Não, eu não quero pensar.
Dói pensar.
Como ele pode ter tido coragem?
Eu sei que eu também tive coragem, eu sei que cometi os mesmos erros.
Entretando me surpreendo em cada passo, em cada descoberta.
Não tenho mais dúvidas.
Somos farinha do mesmo saco, dentro de nós existe a mesma essência. Essência Venenosa.
Eu me vejo nele e ele se vê em mim.
Porque agora posso perceber que ele é eu. E eu, ele.
Então nada mais importa.
Que tudo caia sobre mim.
Fecho os olhos.

Balão de Oxigênio

Não que minhas feridas demorem pra cicatrizar, até cicatrizam rápido.
Mas por vezes latejam, e latejam com tanta intensidade que parecem que nunca cicatrizaram.
Mas não importa.
Visto meus chinelos de pano, acendo um cigarro e deixo queimá-lo apenas para ver as cinzas caírem no vazio, caírem juntas com as lembraças, imagens dos tempos que não voltaram.
Vou pra janela, olho o céu cinzento e não penso em mais nada, esqueço as dores, esqueço tudo.
Não quero celebrar a solidão. Como se fosse possível escapar do Minotauro depois que se entra no labirinto. Tarde demais.
Daqui de cima imagino meu corpo caído na garagem e sorrio perversa diante da visão.
A tua falta ainda me leva ao balão de oxigênio.
O que há de errado comigo?
Sou um rumble fish, mas desisti de brigar com a minha imagem no espelho e não quero esquecer as nossas canções.

XII

Sinto-me perdida nesse imenso labirinto de buscas insáciaveis por algo que eu nem sei o que é.
Estou vazia. Vazia de tudo. Vazia de mim.
Temo a solidão, a solidão na qual mesmo com pessoas importantíssimas a sua volta, você se perde de uma só. A mais essencial de todas, a única que você nunca poderia perder, você mesma.
Tenho medo de me perder e nunca mais me encontrar.
Já morri tantas vezes, de angústia, de dor, de medo. De tudo. Morri e continuo viva.
Morro, morro e ainda tentam me matar.
Estou cheíssima dessa gentinha medíocre que na inocência de acharem que não estão sendo inocentes, tentam me derrubar, para provar a mim (ou à elas) que são boas o suficiente, eu estou aqui no meu canto, sem ter a necessidade de me mover para que me achem corajosa-gostosa-e-tudo-mais o bastante.
É que as vezes, o mais importante, querido, não é gritar ao mundo o quão esperto e bom você é, mas sim o silêncio.
Enquanto as pessoas estão nessa enorme batalha pra ver quem é o melhor, você está observando pontos fracos, e o melhor, não quebra a cara.
Poupa tempo e trabalho, e depois, você pode ir direto ao ponto, se necessário.

Fragmentos de Dor

Insistir no que já está acabado é o mesmo que dar murros em ponta de facas.
E mesmo sangrando, continuo esmurrando as pontas das facas mais afiadas.
Não dói mais.
A dor atingiu seu limite.
Por que o querer do meu lado?
Se eu já o tenho dentro de mim?
Não sei, não sei...

Bad Reputation?

Reputação é algo tão insignificante.
Patéticos não são aqueles que cometem insanidades, e sim aqueles que não a comentem por medo da opinião alheia.
Faça o que quiser fazer.
Porque a opinião dos outros, é só a opinião dos outros.
Ninguém se acha sem se perder.
Ninguém é feliz seguindo regras.

Só mais um pouco...

Meu corpo ainda está em movimento, meu coração ainda pulsa, e meu sangue ainda corre pelas minhas veias.
Mas estou morta há muito.
Nada mais me surpreende, nada mais me afeta.
Nada mais.
Anestesiada, paralisada. Como se nada mais acontecesse ao meu redor.
Como se nada mais acontecesse comigo mesma.
Sinto como se estivesse por fora do movimento do mundo.
Sou apenas uma telespectadora assistindo a tragédia da vida.
Sou um defunto ambulante.
Não, não sou.
Sou nada.

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